Desenvolver o perfil ideal para atuar no novo cenário da saúde digital pode ser um desafio. O principal motivo é que não fomos preparados para tal realidade. De um modelo centralizado no hospital, com o objetivo de curar patologias ou diminuir o sofrimento, caminhamos para formas mais preditivas e ações mais preventivas, que começam na casa e no trabalho dos beneficiários.
O fato é que não temos como fugir dessas transformações: os ganhos serão imensos e as mudanças ocorrerão independentemente de nossa aceitação. Por isso, quem ainda não começou a se dedicar e se adaptar, promove o seu próprio isolamento de um mundo novo promissor.
Ao mesmo tempo, quem construiu sua carreira com base nos princípios mais tradicionais tem muito a contribuir para que, nesse processo, o setor de saúde mantenha e aprimore sua vocação para a humanização. Este conteúdo foi elaborado para ajudar nessa caminhada. Confira!
O novo perfil do gestor de saúde
Tanto nos cursos de formação quanto nas pequenas oportunidades de aprendizado que aproveitamos ao longo da vida, fomos ensinados a trabalhar em um ritmo mais lento, com acesso a poucos dados e com menos recursos tecnológicos.
Na Medicina, atuamos como especialistas, o que foi ótimo para desenvolver cada área, e precisa continuar assim, mas agora a exigência é por um perfil multitarefas — dentro e fora do consultório. Várias atividades rotineiras podem e serão cada vez mais automatizadas, porém, precisamos manter controle sobre elas, o que exige conhecimento de cada processo e das novas tecnologias.
Os profissionais da saúde em formação já começam a experimentar alguma mudança na academia. Eles estão mais familiarizados com a tecnologia e os professores já abordam a digitalização da sociedade em vários aspectos, inclusive os éticos.
Não poderia ser diferente, afinal, muitos pacientes chegam aos consultórios com um diagnóstico pronto sobre o seu estado, graças à pesquisa prévia que efetuaram na internet. É impossível ignorar essa realidade.
Para enfrentar os desafios das autogestões e usufruir da contribuição que a transformação digital pode oferecer, os gestores precisam, principalmente, desenvolver suas capacidades de decisão com base em dados coletados, tratados e apresentados por meio de dashboards e várias ferramentas que facilitam a identificação e previsão de problemas.
A saúde digital é muito mais sobre dados do que procedimentos. A forma como usamos a informação nos diagnósticos e na prevenção, por exemplo, traz benefícios e ganhos expressivos, desde que sejamos capazes de usar esses recursos de forma humanizada e efetiva.
A cultura da transformação
Isso significa que a mudança começa com as lideranças. Formar uma equipe responsável por implantar a saúde digital é praticamente uma garantia de fracasso, sem o envolvimento de um líder com autonomia de decisão.
Além de trabalhar para formação de uma cultura interna que favoreça a inovação, estabeleça valores e interpretações adequadas para a forma como lidamos com erros e burocracias. Além disso, é preciso estar disposto a tomar decisões com relação aos investimentos, ou a mudança será barrada por limitações na estrutura operacional.
O impacto da digitalização na saúde
Já podemos notar várias iniciativas com impacto direto e representativo na autogestão. Você pode considerar desde médicos usando um aplicativo de mensagens para agendar uma cirurgia em um hospital, até a aplicação de Inteligência Artificial (IA) na regulação médica.
Desenvolvemos uma solução de IA para facilitar o trabalho do profissional nesse processo de autorização e, por vivência própria, podemos atestar que é perfeitamente possível aliar a tecnologia a um atendimento humanizado e com respeito ao protagonismo do profissional de saúde que, por mais eficiente que seja a tecnologia, tem sempre a última palavra.
Como benefícios ao paciente, podemos afirmar que a saúde digital promove:
- diagnósticos mais precisos: com a possibilidade de coleta de dados a todo momento por meio de sensores;
- diminuição dos casos de agravamento do quadro clinico de pacientes;
- aumento da produtividade: o que permite que menos pessoas realizem uma quantidade maior de tarefas;
- agilidade no atendimento;
- melhora da priorização nos processos de triagem.
Até o relacionamento com a rede credenciada pode ser aprimorado com a adoção e o desenvolvimento de plataformas digitais. Centralizado em um único local e disponível na nuvem, esses ambientes permitem o compartilhamento de informações e controles variados, seja no referente aos procedimentos ou nos dados de pagamento e pendências.
Isso significa que, embora a Medicina sempre tenha contado com tecnologias para ajudar na sua evolução, esses recursos estavam mais restritos aos procedimentos. Agora, eles abrangem toda a gestão do setor e contribuem para resolver os mais diversos problemas.
As tendências em saúde digital
Ao pensar em tendências, podemos imaginar o Hospital 4.0 e outras maravilhas que já começam a se desenhar como realidade. Mas antes de falar diretamente sobre elas, é preciso observar que o processo está acelerando. Conforme absorvemos a tecnologia, ela agiliza a transformação, o que força a pensar sobre as possibilidades futuras em curtos espaços de tempo. Veja!
Big data
Nesse trajeto, a disponibilização de dados tende a ser cada vez mais abrangente. Quanto mais evoluímos na capacidade de processamento das máquinas e na segurança no uso desses dados, mais completos eles se tornam. Isso afeta a nossa dinâmica de trabalho, melhora a precisão de diagnósticos e gera mais conforto aos beneficiários. Nesse contexto, é papel do gestor usar essas informações para desenvolver modelos e soluções que agreguem um valor superior.
Aliás, esse é um ponto fundamental para um bom entendimento do cenário presente e da nossa capacidade de construir uma realidade futura: as tecnologias são apenas ferramentas, é a forma como as aplicamos que permite a geração de valor para quem precisa cuidar da saúde.
Sistemas e tecnologias mais eficientes, implantadas com um fluxo de processos alinhado com a necessidade dos usuários, que reduza custos, otimize o tempo dos profissionais e elimine processos lentos e burocracia, proporcionam um conforto importante.
Diagnóstico
Além disso, sistemas inteligentes de diagnóstico radiológico, por exemplo, identificam potenciais problemas com antecedência e precisão. Uma anomalia em fase inicial, imperceptível ao olho humano, pode ser identificada, gerando a indicação de um tratamento imediato — o que normalmente só seria possível quando o caso se agravasse, gerando custos, sequelas e até óbitos.
Sensores espalhados pelo corpo para medir sinais vitais e o comportamento do organismo nas mais diversas atividades também prometem crescer em escala. O que imaginar como impacto de uma parte expressiva da população sendo monitorada em tempo real? Em uma escala superior a que já aplicamos hoje, essa tecnologia vai permitir que as pessoas mudem seus hábitos e assumam um comportamento mais sadio, com base em prognósticos detalhados e precisos.
Nanotecnologia e impressão 3D
A nanotecnologia é outra tecnologia com “vocação” para diagnósticos, permitindo a observação de células, mas já é observada na distribuição localizada de medicamentos — que só precisam agir no órgão que precisa dele. A impressão 3D é outro recurso fabuloso. Ela já é usada na academia e em simulações de procedimentos, inclusive na Odontologia, mas no futuro vai permitir a impressão de partes do corpo e, em um prazo mais longo, a bioimpressão de órgãos.
Telemedicina
A telemedicina é outro campo promissor. Compartilhar e trocar opiniões com colegas de profissão, bem como viabilizar o atendimento de certas especialidades em regiões remotas são algumas das aplicações.
Por fim, vale ressaltar que ninguém precisa ser um fã empolgado e otimista em relação à saúde digital. É perfeitamente compreensível que alguns de nós assumamos uma postura cética em relação às possibilidades para a Medicina do futuro. No entanto, esse é apenas um motivo a mais para se envolver com a mudança, já que não há outra forma de agir sobre ela.
Para completar a reflexão desta postagem, conheça detalhes das tendências de inovação em saúde!