Administração
Por: Allana Peixoto 20/12/2024 6 minutos de leitura

A importância de mudar a visão de colaboradores e pacientes em relação aos exames laboratoriais

A importância de mudar a visão de colaboradores e pacientes em relação aos exames laboratoriais

Os exames laboratoriais são importantes para antecipar diagnósticos. Se bem utilizados, podem diminuir custos assistenciais e de urgência, ao mesmo tempo em que melhoram a qualidade de vida dos pacientes.

Não precisamos entrar em detalhes sobre como o tratamento precoce de doenças reduz a quantidade de casos mais graves e o desconforto de alguns tratamentos mais invasivos e agressivos, que podem ser evitados.

Com a inovação dos exames digitais, podemos contar com uma identificação ainda mais antecipada, o que tende a potencializar os resultados no futuro próximo. De outro lado, a identificação tardia só traz incômodos e gastos — na melhor das hipóteses.

Vamos refletir melhor sobre o tema? Ao continuar a leitura, você vai levantar os subsídios de que precisa para disseminar uma política equilibrada: sem exames desnecessários e falta dos que podem fazer a diferença. Confira!

Pesquisa sobre exames laboratoriais da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica

O medo da mudança atinge a todos nós em alguma medida, e também é desnecessário comentar sobre os aspectos psicológicos envolvidos nesse receio, mas nada melhor do que a informação para desmistificar conceitos e quebrar paradigmas.

Sendo assim, vamos começar com a Pesquisa sobre a importância dos Exames Laboratoriais 2019, lançada pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial. Segundo apurado:

  • 96% dos entrevistados consideram os exames laboratoriais importantes para prevenção;
  • 48% de pacientes crônicos acham que deveriam ter feito exames com mais antecedência;
  • 40% deles acham que deveriam ter feito exames complementares.

Além disso, 72% dos pacientes com doenças crônicas só descobriram o problema após o aparecimento de sintomas, o que levou o presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, a afirmar: “Quando o paciente apresenta sintomas, é sinal de que a patologia já está instalada. Logo, a população não está realizando exames clínicos e laboratoriais básicos como forma de prevenção, mas sim de diagnóstico”. Além dessa afirmação, o documento da pesquisa também informa que:

  • “a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estima que pacientes doentes custam 7 vezes mais do que um paciente saudável na mesma faixa etária”;
  • “estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) aponta que doenças que só possuem alterações laboratoriais, sem manifestar sintomas, têm chance de cura de 90%”.

O equilíbrio na regulação de exames de diagnóstico

Em uma realidade na qual caminhamos para execução de telelaudos e é crescente a preocupação em proporcionar um atendimento humano, precisamos pensar em termos de equilíbrio entre a falta de realização de exames, que podem fazer a diferença e as ações que buscam evitar os desnecessários, a redundância de solicitações e, em alguns casos, até mesmo a exigência de leigos da realização de exames que não são indicados.

Em artigo de 2017, publicado no Observatório da Saúde, Nairo M. Sumita e Wilson Shcolnik, respectivamente, Diretor Científico e Diretor de Acreditação e Qualidade da SBPC/ML, reconhecem os exames laboratoriais como “sendo a ferramenta de elevada relação custo/efetividade para se obterem informações sobre o estado de saúde do paciente.”

E continuam: “Os resultados de exames laboratoriais fornecem informações que podem ser utilizadas para fins diagnóstico e prognóstico, prevenção e estabelecimento de riscos para inúmeras doenças, definição de tratamentos personalizados, assim como evitar a necessidade de procedimentos complementares mais complexos e invasivos, quando bem indicados e os resultados corretamente interpretados”.

Ainda citam dados que indicam que “exames laboratoriais representam menos de 5% dos custos com a assistência à saúde e 25% dos custos com diagnósticos”, mas também apontam desperdícios, ainda que menos significativos, de exames que não são retirados pelos pacientes. Disso tudo, podemos concluir que a busca pelo equilíbrio na solicitação de exames é uma tarefa indispensável e urgente.

A inovação em exames de diagnóstico por imagem

Dr. Pedro Santos Neto, sócio da Maida.health, falou um pouco sobre o desenvolvimento do Octopus, que tem a função de apoiar os médicos que trabalham na assistência à saúde. Basicamente, ele será capaz de emitir um parecer sobre a avaliação de um exame de imagem, servindo como uma segunda opinião sempre disponível, além de um mecanismo de controle de qualidade que pode sugerir uma nova avaliação de um exame, por outro profissional.

A partir de diversas bases de exames de imagens, o sistema utiliza um modelo de Inteligência artificial (IA) para cada tipo de exame, gerando um resultado para ser considerado pela equipe médica.

No processo de desenvolvimento, pesquisadores atuam como um time de treinamento da IA e realiza diversas atividades, como a limpeza dos dados, a remoção de partes da imagem, o ajuste no tamanho e na qualidade e a verificação do seu conteúdo, gerando uma base de consulta confiável para ser usada como comparação pela IA.

É um processo demorado, que precisa ser feito de forma cuidadosa. Além desse trabalho ligado à IA, é necessário desenvolver o software que executa todos os procedimentos necessários à comparação.

Ao comparar as imagens geradas por meio de exames com os laudos e pareceres armazenados na base de dados, o Octopus terá como principal capacidade a função de classificação de um exame de imagem em normal ou alterado. No caso de indicação de alteração, ele ainda deve supor possíveis patologias que estão associadas.

Antes da implantação definitiva

Antes da implantação definitiva do Octopus em um ambiente de execução, será necessário um período de estudos, buscando identificar discordâncias que devem ser analisadas em conjunto com os profissionais de radiologia, para se chegar a um consenso do que precisa ser implementado na ferramenta e nos modelos de IA, criados para apoiar os profissionais.

De qualquer modo, o fato é que o futuro aponta para possibilidades ainda maiores de identificação e tratamento precoce, mas disso depende a mudança cultural que sugerimos, ao menos se desejarmos aproveitar todo o potencial dos exames, sejam os laboratoriais, sejam os de imagem, sejam quaisquer outros.

Considerando que a abordagem dos exames laboratoriais como uma prática preventiva traz benefícios para os pacientes e prestadores, concluímos com a forte indicação de sua adoção a partir de critérios definidos e estruturados com base em dados. Eles podem ser definitivos na diminuição dos atendimentos de urgência, reduzindo os custos assistenciais e proporcionando maior conforto aos pacientes.

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