Sáude
Por: Allana Peixoto 20/12/2024 9 minutos de leitura

Conheça as tendências para a inovação em saúde

Conheça as tendências para a inovação em saúde

A inovação é uma adaptação ao longo dos anos para atender a uma demanda latente, diversificar os negócios, aumentar a lucratividade ou reduzir os custos nos diversos segmentos da sociedade. Contudo, a inovação em saúde deve partir de um pressuposto importante em qualquer segmento, mais especialmente na medicina. Trata-se do fato de que inovar implica a aplicação bem-sucedida de algo novo.

Nesse contexto, um equipamento revolucionário é apenas uma invenção e a inovação tecnológica uma ferramenta — enquanto elas não forem usadas de forma a gerar um valor superior para os pacientes. Desse ponto de vista, inovar, de fato, demanda encontrar novas formas de resolver problemas e colocar essas soluções para funcionar na prática, com grande aplicação das tecnologias existentes.

Essa é uma ressalva importante, mas isso não significa que não tenhamos o que comemorar, pois a simples alteração da resolutividade de um resultado diagnóstico a partir de novas tecnologias já propicia uma grande vantagem para todos os envolvidos.

Por isso, se quiser saber mais sobre esse assunto, no decorrer do texto você terá contato com alguns ótimos exemplos, estudos sobre tendências e, para começar, uma contextualização do cenário atual da inovação em saúde no Brasil. Informações essenciais para que você possa se manter na vanguarda. Confira!

A atual perspectiva da saúde brasileira

Nossos desafios são imensos na área de saúde e, normalmente, os debates acabam concentrados em questões orçamentárias. Obviamente, a inovação tecnológica pode contribuir muito para isso. Aliás, ela já tem ajudado em diversas avaliações, baseadas em indicadores de saúde, de eficiência e outros recursos de melhoria na gestão.

A tecnologia pode fazer um diagnóstico da saúde dos brasileiros, principalmente quando se compara o número de atendimentos e procedimentos feitos no contexto do sistema público e privado.

No entanto, a questão fundamental é que, no Brasil, apenas 24% das pessoas têm acesso à saúde suplementar — ou seja, privada —, o que significa que 76% delas dependem do sistema público. Um dos motivos para isso é que o sistema de saúde não é focado no indivíduo que precisa desse acesso, ele não é o centro e a razão de ser do sistema, como é para vários outros mercados.

Dessa forma, fica mais desafiador entender a complexidade da demanda, uma vez que os indicadores não trazem a situação real do público-alvo, que se movimenta entre os dois serviços assistenciais. Ao mesmo tempo, nesse momento, vários pacientes do sistema público são candidatos para enfrentar uma fila para receber uma senha e ser consultado por um clínico geral. Como o número de senhas costuma ser inferior ao de pacientes, eles nem ao menos são registrados.

Ou seja, no dia seguinte, eles estarão na mesma fila até que consigam acesso ao médico e, só então, sejam considerados nas estatísticas. Em uma realidade na qual podemos usar a genômica para avaliar o risco de desenvolver certas doenças com base em estudos de DNA, falta-nos uma identificação precisa da demanda do serviço.

Por isso, há um espaço enorme para inovações que permitam incluir essas pessoas — para a democratização da saúde. Recursos como a telemedicina, o blockchain e a inteligência artificial podem nos ajudar com isso, mas como ferramentas — como já adiantamos na introdução.

Sem uma inovação no modelo, começando com a geração de dados confiáveis, essas tecnologias não poderão contribuir para nada muito além de mudanças incrementais. Contudo, isso não é, de modo algum, motivo para sermos pessimistas, mas sim para olharmos as potencialidades que a inovação em saúde pode nos oferecer.

Vejamos algumas das transformações que podemos esperar.

As tendências e previsões da inovação em saúde

Segundo Lloyd Brooks Minor, que assina o texto de apresentação de um estudo de tendências da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, ainda temos bastante o que percorrer na construção de uma medicina digital com amplo acesso a dados, se comparado a outros setores.

Ao mesmo tempo, nas palavras dele: “[…] estamos, indubitavelmente, a caminho de um futuro de cuidados mais preventivos, preditivos e personalizados”. Isso significa que estamos a um passo mais adiante de desenvolver a medicina personalizada, voltada para atender demandas individuais conforme as características clínicas de cada um.

Essa meta, apesar de ousada e desafiadora, já se desenvolve em pequenas porções, como o uso da farmacogenética para predição de doses de medicamentos específicos ou do rastreamento genético para analisar a suscetibilidade das doenças.

O compartilhamento de dados e o uso da inteligência artificial

Historicamente, o cuidado com a saúde é operado em um ecossistema fechado, o que tende a mudar radicalmente. Para se ter uma ideia, nos EUA, um em cada 25 adultos já tem acesso aos seus dados genéticos e 93% dos hospitais e sistemas de saúde permitem aos pacientes a consulta a seus dados.

Olhando nessa perspectiva, os americanos já têm acesso à sua informação clínica, seja por meio do médico que o assiste ou pela simples possibilidade de fazer um teste de farmácia que detecta diversas doenças de forma rápida.

Ao mesmo tempo, o grande volume de dados disponíveis gera grande dificuldade de interpretação e, consequentemente, na tomada de decisão. No entanto, médicos especialistas e cientistas treinam algoritmos que podem analisar grandes quantidades de dados para extrair insights valiosos, principalmente se estiverem com assessoria de estatísticos com experiência na análise de dados em saúde.

O sistema de radiologia da Stanford pode interpretar dezenas de tipos de doença em uma radiografia de tórax mais rápido do que você leu esta frase. Em parceria com a Apple, 400.000 participantes foram recrutados com o objetivo de detecção de fibrilação atrial em usuários do Apple Watch.

Nesse sentido, o uso da inteligência artificial trará benefícios clínicos e institucionais valiosos para a tomada de decisões pelos profissionais de saúde e até mesmo para instituir condutas que beneficiem a coletividade, principalmente ao antever um panorama característico de adoecimento.

O uso da telemedicina

Do outro lado do mundo, já em 2014, a Alibaba anunciou seus planos para o futuro. Basicamente, um sistema de telemedicina e venda de medicamentos online. Contudo, o governo chinês vetou a continuidade do projeto ao proibir a venda de medicamentos sem receita no ambiente online.

Entretanto, isso não impediu a companhia de desenvolver outras soluções. Seu sistema de IA pode ajudar os médicos na interpretação de tomografias. A Tencent respondeu à altura ao lançar o Miying, um programa de imagens que contribui para encontrar precocemente sinais de câncer e que já foi adotado em aproximadamente 100 hospitais chineses.

A telemedicina é uma boa promessa tecnológica de curto prazo. Não apenas por causa da consulta remota, mas de uma série de iniciativas de diagnóstico por meio de sensores da chamada Internet das Coisas (IoT).

Nesse contexto, essa ferramenta, já adotada em outros segmentos, ajudará no rastreamento de indicadores de saúde usando pequenos dispositivos acoplados ao paciente, como os relógios inteligentes, os implantes subcutâneos de liberação retardada de medicamentos, entre outras possibilidades.

Desse modo, o médico tem acesso em tempo real a dados como temperatura e frequência cardíaca do paciente. A Healthy.io, uma empresa israelense, por exemplo, é uma plataforma de telessaúde para cuidados básicos capaz de detectar preventivamente doenças renais crônicas e fazer exames de pré-natal e de urina.

Uma mudança radical na gestão na saúde

Além da inegável contribuição que esses recursos tecnológicos fornecem para a medicina, o grupo Alibaba usa o seu sistema de pagamentos como base de informação para operar um modelo radicalmente inovador.

Ainda veremos como será o resultado dessa iniciativa, mas podemos compará-la a um consórcio. Quando algum participante do plano precisa fazer uma cirurgia, o custo é dividido entre todos os usuários. O diferencial é que quem aprova ou não os procedimentos é um time selecionado que faz parte do consórcio.

A proposta do grupo Alibaba é interessante, ainda que controversa, mas tende a repensar sobre a necessidade real do procedimento, considerando também os critérios de efetividade, segurança e custo, que também devem respaldar a decisão. Para concluir, podemos dizer que estamos convencidos de que a inovação nunca se inicia com a resposta. Se você já a tem, provavelmente começou errado, pois o mundo está em constante evolução em todos os sentidos, assistenciais, humanísticos e econômicos.

Outra coisa: a inovação em saúde depende muito mais de formular a pergunta certa — aquela que ninguém está fazendo. Além disso, colocar as pessoas no centro e buscar desenvolver soluções melhores para os problemas que elas enfrentam.

Não é um desafio estimulante e gratificante? Com certeza, e refletirá também nas relações sociais e econômicas a longo prazo, adaptando as situações já existentes, criando oportunidades e revendo antigos preconceitos. Talvez por isso que esse costume seja um tema que interessa muito as pessoas e atiça a curiosidade de todos os segmentos, principalmente agora que se preza por uma excelente saúde em tempo real.

A inovação em saúde é uma estratégia importante para pacientes, profissionais e gestores, que devem se apropriar de conhecimentos fidedignos acerca do assunto, refletir sobre a eficiência das ações e buscar soluções que tragam benefícios clínicos individuais e para a saúde coletiva. Por isso, é preciso entender a funcionalidade das estratégias existentes, buscar sobre novas frentes de pesquisa e avaliar as que estão no mercado.

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