Pensar no hospital 4.0 pode parecer um exercício futurista. As inovações disponíveis para o setor são tão incríveis e impactantes que podem parecer irreais, como em um filme de ficção científica. Pois bem: não são! A questão é que, do mesmo modo como houve espanto no século passado com inovações que hoje são corriqueiras, estamos diante de uma realidade difícil de conceber. A diferença é que a transformação está sendo mais rápida, o que choca ainda mais.
Mas esta introdução não é um convite para que você se espante com a leitura deste texto, muito pelo contrário: confira a realidade maravilhosa que aguarda nossos hospitais!
O que é Hospital 4.0?
O termo “Hospital 4.0” se refere ao que será o hospital no futuro próximo. Ele deriva de uma descrição de etapas de transformação que começaram a ocorrer com a primeira Revolução Industrial (1.0), até chegarmos ao momento presente, o da Revolução 4.0, que está diretamente relacionada à forma como usamos dados.
Basicamente, o Hospital 4.0 é o reflexo da ocorrência dessa revolução no ambiente hospitalar, que pode ser visualizado no futuro como:
- um conjunto de sensores que monitoram o ambiente 24 horas por dia, gerando informação;
- algoritmos de análise de um imenso volume de dados armazenados e disponibilizados na nuvem;
- inteligência artificial (IA) para predizer, diagnosticar e colaborar com decisões e procedimentos, como em cirurgias minimamente invasivas.
Imagine um hospital no qual o paciente é conectado a vários sensores que medem suas funções vitais e acionam profissionais conforme a necessidade. Ele pode até mesmo ser lembrado por um assistente virtual de que deve caminhar para se recuperar, ao mesmo tempo em que os passos dados diariamente são contados eletronicamente.
Conforme divulgado, a consultoria Gartner, que é referência na identificação de tendências, projetou um crescimento de US$ 117 bilhões de dólares entre 2016 e 2020 do uso de IoT no setor de saúde — IoT é a sigla usada para o termo internet das coisas, que abarca os sensores capazes de coletar e transmitir dados.
O mesmo estudo aponta o monitoramento remoto do paciente, a telemedicina e o uso de equipamentos inteligentes de análise como algumas das principais tendências de uso das novas tecnologias na medicina. Vejamos sobre esses recursos mais detalhadamente.
Quais são as tecnologias envolvidas?
Para reforçar a ideia de que essas transformações basicamente se referem ao uso de dados, vamos começar com o exemplo da parceria entre o John Hopkins Hospital e o GE Healthcare Camden Group, que vai implantar centros de comando de análise preditiva no hospital. A iniciativa ajudará na tomada de decisão rápida e mais embasada de tarefas como o gerenciamento de solicitações de assistência e agendamento de procedimentos no leito hospitalar.
Outra tecnologia apontada como tendência é o uso de assistentes virtuais. São sistemas e aplicativos comumente chamados de robôs capazes de orientar, conversar e direcionar os pacientes. Esse tipo de recurso pode ser usado remotamente e mesmo no próprio hospital.
No primeiro caso, ele pode executar tarefas como lembrar o paciente em recuperação que ele deve tomar um medicamento e, com esse tipo de prática, contribuir para a diminuição de reinternações devidas a complicações pós-operatórias.
Já no segundo, o assistente pode fazer trabalhos de triagem para direcionar os pacientes para o especialista indicado, por exemplo. Em ambos os casos, já existem iniciativas experimentais do que os técnicos chamam de aplicações com inteligência emocional. Com base no reconhecimento de voz e de face, esses sistemas são capazes de interpretar expressões e identificar o estado emocional da pessoa observada.
Associando eventos a essas interpretações é até mesmo possível identificar os fatos geradores de determinadas reações e fornecer informações personalizadas e relevantes. Desse modo, os profissionais de saúde, e até mesmo os pacientes, podem evitar situações e comportamentos negativos.
Já em 2017, uma empresa sediada em São Francisco anunciou investimentos de US $ 8 milhões em uma aplicação de enfermeiras virtuais com recursos de inteligência artificial. Os principais objetivos da tecnologia são: manter comunicação com os pacientes e evitar a readmissão hospitalar. Molly, a enfermeira, é capaz de responder e orientar os pacientes em diversas situações.
A inteligência artificial também pode ser aplicada em diagnósticos. Segundo apontam alguns estudos, resultados falso-positivos ocorrem em até 63% das mulheres que fazem mamografias regularmente, levando a repetição de exames e a uma tensão desnecessária. Sistemas de IA podem comparar imagens com uma precisão até 10% superior a dos médicos.
Além disso, sabemos que a comparação de dados de DNA pode ajudar na prevenção de doenças de forma impactante. Com a velocidade de processamento e a capacidade de analisar uma quantidade exponencial de dados, a IA potencializa ainda mais esse recurso.
Nas cirurgias minimamente invasivas a Inteligência Artificial também já é usada para auxiliar o cirurgião na manipulação de robôs e aumentar a precisão. Como resultado, a diminuição do tempo de internação e do sofrimento do paciente é igualmente representativa.
Quais são os benefícios do Hospital 4.0?
Relatórios da consultoria Frost & Sullivan projetam que a tecnologia tem o potencial de alterar os resultados de assistência à saúde entre 30% e 40% e de reduzir pela metade os custos de tratamento — um benefício e tanto! De modo geral, ainda não temos dados concretos sobre como as mudanças em curso estão impactando os hospitais brasileiros, mas sabemos que elas começaram e serão significativas.
Por exemplo: atualmente os pacientes hospitalizados são monitorados o tempo todo pelas equipes de enfermagem. Aferir dados sobre pressão, o fluxo do soro, estado de sondas, o conforto do paciente e outros procedimentos geram uma necessidade enorme de profissionais. Além disso, por mais bem dimensionadas que sejam essas equipes, nenhum técnico consegue estar diante de todos os leitos ao mesmo tempo.
A IoT resolve essa questão com facilidade e a custos reduzidos. Por meio de sensores que custam menos de R$ 2,00 Reais é possível monitorar todos os pacientes ao mesmo tempo e nas 24 horas do dia.
Esses mecanismos podem registrar a temperatura do quarto e do paciente, bem como o batimento cardíaco e até a movimentação do internado durante o período de recuperação. Todas essas informações são armazenadas e podem acionar sistemas de inteligência artificial capazes de gerar alertas e acionar profissionais.
Segundo relatório da Accenture, outra empresa de consultoria, essas tecnologias podem ajudar a economizar US$ 150 bilhões de dólares anuais nos serviços de saúde, mas o beneficio aos pacientes vai muito além do ganho econômico.
Como se preparar para o Hospital 4.0?
Como vimos, as “mudanças 4.0” são essencialmente relativas aos dados. No Brasil, ainda convivemos com algumas limitações básicas que precisam ser superadas. Até mesmo medicamentos utilizados nos procedimentos deixam de ser registrados e, antes de resolver esse tipo de dificuldade, pode ser pouco realista pensar no melhor aproveitamento dos recursos previstos para o Hospital 4.0.
É verdade que a tecnologia pode ajudar nesse tipo de aprimoramento também. Sistemas de radiofrequência (RFID), por exemplo, podem monitorar a circulação de medicamentos nas farmácias, mas também devemos refletir sobre questões um pouco mais complexas, como a necessidade de garantir uma abordagem humanizada, a de capacitação em inovação, a eliminação de silos organizacionais — nos quais equipes ficam isoladas, marginais ao processo de transformação — e a superação de eventuais resistências às mudanças.
Nesse processo, o hospital deve tomar medidas capazes de evitar que os erros presentes no formato atual sejam transferidos para o futuro. Além disso, o nosso modelo de uso intenso do plano de saúde em algum momento vai colapsar, porque a grande quantidade de procedimentos autorizados tende a se tornar inviável.
Isso seria solucionado se os médicos recebessem de acordo com os indicadores de saúde da população, como ocorre no modelo inglês. Com a adoção dos recursos de IoT e da inteligência artificial existe a possibilidade de monitorar esses indicadores para saber se os beneficiários estão dentro de um parâmetro de saúde previamente estabelecido.
Trata-se de uma profunda mudança de paradigma, no qual o estímulo é direcionado para a melhora da saúde, no lugar do foco atual na cura de enfermidades. Portanto, o Hospital 4.0 deve ser visto como resultado de um processo que começa na mudança das pessoas, especialmente nas lideranças, o que significa comprometimento com a inovação e busca contínua por capacitação.
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