Não é difícil refletir sobre a aplicação dos exames digitais e se perceber em completa abstração, talvez imaginando como seria interessante contar, em um caso difícil, com a opinião de um colega da faculdade que agora trabalha em um local distante.

Quem sabe surja a oportunidade de, em um futuro próximo, operar um serviço de diagnóstico digital combinado com telemedicina, facilitando o acesso à saúde em locais onde ela ainda tem alcance limitado?

Ainda precisaremos tomar providências para que esse tipo de inovação traga os resultados desejáveis em todo o potencial possível, incluindo a criação de normas regulatórias e outras questões mais técnicas, como o aumento da capacidade das redes de dados. Mas já podemos contar com várias aplicações concretas.

Da antecipação de diagnósticos como resultado de uma maior precisão até novos modelos de serviços, embarque agora conosco em uma abordagem realista e confiante da transformação que é possível com a adoção dos exames digitais.

O que são os exames digitais?

Sempre que falamos sobre algo classificado como digital, é preciso distingui-lo do que possa ter sido digitalizado. Por exemplo, qualquer exame de sangue pode ser apresentado no formato digital. Para isso, basta que, no lugar de imprimi-lo, ele seja salvo em um formato de arquivo digital.

No entanto, os exames digitais têm esse formato desde a aplicação do procedimento. Assim, em vez de reproduzir em formato digital uma imagem gerada por um processo analógico, ela é concebida como digital, algo que já ocorre, principalmente, com a adoção de novos equipamentos para exames de raio X e para a realização de mamografias.

Além disso, outros exemplos são:

• colonografia;
• cintilografia;
• angiotomografia coronária;
• gastrografia;
• ultrassonografia;
• ecodopler;
• ecografia tridimensional.

Os exames digitais oferecem maior nitidez, o que facilita o diagnóstico, além de diminuírem a exposição à irradiação e facilitar o compartilhamento da imagem, agilizando os laudos.

Diferenças em relação aos exames convencionais

Os exames digitais oferecem uma alternativa não invasiva para vários diagnósticos, pois permitem observar estruturas anatômicas, como ossos, órgãos e vasos sanguíneos.

Isso é possível porque não há a utilização de um filme para registrar as informações de uma radiografia, por exemplo, mas a captação por meio de uma placa sensível à radiação, que forma as imagens em conexão direta ou indireta com o computador.

Em razão dessa conexão, é fácil aplicar outros recursos tecnológicos de modo combinado, como:

• a inteligência artificial (IA);
• o reconhecimento de imagens;
• a telemedicina.

Desse modo, um exame digital pode ser avaliado por uma inteligência artificial por meio do reconhecimento de imagens e seu compartilhamento com profissionais localizados em outras regiões, para que validem a interpretação da IA, que é capaz de identificar sinais precoces com alta precisão.

As soluções mais avançadas de IA, com outras aplicações na saúde, ainda aprendem conforme recebem feedback de especialistas e cruzam uma quantidade maior de dados de prontuários.

De modo objetivo, podemos classificar as diferenças entre exames convencionais e digitais do seguinte modo.

Convencional:

• meio de detecção: filme radiológico;
• armazenamento: filme radiológico;
• etapas: captação e revelação do filme.

Digital:

• meio de detecção: detectores digitais;
• armazenamento: no meio digital, de modo compartilhado e em um formato de arquivo eletrônico;
• etapas: geração, processamento, arquivamento e apresentação — com automação.

Quais são as vantagens dos exames digitais?

É quase impossível escrever sobre exames digitais sem mencionar suas vantagens. Você já deve ter observado algumas delas mesmo que indiretamente em alguns casos, mas vamos destacá-las a seguir.

Agilidade no processamento de imagem

O diagnóstico por imagem agiliza o processo e diminui o retrabalho, uma vez que reduz a incidência de erros e a necessidade de repetição de exames.

Menos invasivo

Com menos repetições, a exposição à radiação é menor. Além disso, a possibilidade de observar até mesmo ossos e vasos diminui a necessidade de exames invasivos.

Sustentabilidade

Exames digitais não precisam ser impressos, o que favorece a sustentabilidade. Além disso, os ganhos na produtividade e na performance do equipamento também contribuem em alguma medida para diminuição dos gastos de diversos recursos.

Preço

O mais comum é que as pessoas coloquem o preço como um problema para os exames digitais, mas isso pode ser abordado de um modo diferente.

O custo de investimento no equipamento é realmente maior, além de demandar um treinamento mais especializado, mas ele é recuperado no médio prazo com um gasto menor na realização dos exames.

O uso combinado dos exames digitais com a telemedicina é ainda mais significativo em termos de redução de custos, pois permite laudos e treinamentos à distância. Isso sem contar os ganhos para a saúde, especialmente com o diagnóstico precoce, diminuindo os gastos com tratamentos mais caros e contribuindo para a melhora da qualidade de vida.

O que esperar para o futuro?

As plataformas de telemedicina operam um mercado bilionário ao redor do mundo. Segundo estudo da Kalorama Information, já em 2016, foram consumidos US$ 18,4 bilhões em testes de diagnóstico no ponto de atendimento, variando de testes de gravidez a exames de sangue e endocrinologia.

Nesse campo, a expectativa é a de que os exames e os dispositivos digitais melhorem o atendimento virtual, oferecendo aos pacientes acesso a mais serviços. Um bom exemplo é a parceria entre a Teladoc, uma rede online de médicos, e a Analyte Health, de Chicago, da área de diagnósticos.

O objetivo da aliança é, no futuro, executar procedimentos de diagnóstico na casa do paciente no mesmo dia da solicitação e disponibilizar o resultado online — atualmente, o serviço já é prestado na rede de atendimento da Analyte.

O fato é que as possibilidades são inspiradoras tanto quanto se apresentam como um desafio, uma vez que a maioria dos profissionais de saúde considera importante fazer uma reflexão ética sobre práticas de atendimento à distância.

Inclusive, o tema se mostrou polêmico desde a primeira aprovação da telemedicina pelo Conselho de Medicina aqui no Brasil, a ponto de ela ser revogada em seguida.

De outro lado, a possibilidade de se reduzirem os períodos de internação e de se oferecer um tratamento humanizado, preventivo e muito mais ágil, indica que não devemos limitar exageradamente o uso combinado dessas novas tecnologias.

No futuro, os exames digitais permitirão diagnósticos mais precisos e precoces, facilitando a execução de laudos em regiões distantes e carentes. Desse modo, a tecnologia resolve dois aspectos relevantes, que são a otimização do trabalho dos profissionais de saúde e a ampliação do acesso à saúde para a população.

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