Atualmente, existem diferentes métodos para planos de saúde, públicos ou privados, remunerarem hospitais, clínicas e centros de saúde pelos procedimentos e atendimentos realizados. No Brasil, o pagamento por serviço é a alternativa mais utilizada. A opção gera grandes discussões, e divide as opiniões de especialistas no assunto.

Neste artigo, você poderá entender o conceito de pagamento por serviço e quais são as vantagens e desafios de utilizar esse método na saúde brasileira. Além disso, apresentaremos outras formas de remuneração que são tendências mundiais e alternativas à solução mais usada em nosso país. Boa leitura!

Entenda o que é o pagamento por serviço

O pagamento por serviço, também conhecido como fee for service, é uma forma de contrato que prevê o pagamento por produtividade. Isso significa que o plano de saúde paga ao hospital ou clínica por procedimento e atendimento realizado e materiais utilizados.

Todos os recursos empregados no atendimento médico são especificados em uma fatura. O pagamento para cada procedimento é realizado com base em uma planilha pré-acordada entre as partes. Após o faturamento, o documento é enviado à operadora, que efetua a quitação.

Essa modalidade de remuneração foi criada nos Estados Unidos nos anos 1930, e ainda é a mais utilizada no país, assim como no Brasil. Mesmo sendo a forma de contrato mais usada, já há espaço para outras modalidades, como o pagamento por performance, que conheceremos adiante.

Saiba quais são as vantagens e os desafios de utilizar o método

Quando o assunto é fee for service, há muitas opiniões sobre essa ser uma boa forma de contrato. Com tantos pontos de vista possíveis, reunimos as vantagens e os desafios de utilizar esse método.
Como vantagens, podemos destacar:

• pagamento justo — o método é um dos mais justos financeiramente, já que se paga apenas por aquilo que realmente foi utilizado, e não por um pacote que pode ou não fazer uso dos itens especificados;
• controle de estoque — com a listagem de materiais sendo um fator obrigatório, os ambientes hospitalares podem se basear na fatura para gerenciar o estoque. Se torna mais fácil saber o que é muito ou pouco demandado nos atendimentos;
• modalidade sólida no mercado — como é o método mais utilizado no país, não há resistência a esse tipo de contrato. É uma forma segura de se relacionar com fornecedores, parceiros e contratados.

Com a chegada de métodos alternativos ao fee for service, alguns questionamentos sobre a real eficácia desse tipo de contrato surgiram. São desafios que podem aparecer ao se optar pela modalidade:

• estímulo a serviços dispensáveis — como o pagamento é realizado de acordo com a produtividade, existe uma tendência a realizar procedimentos que são dispensáveis para o paciente no momento;
• planos de saúde pagando mais — a questão anterior leva a essa: a operadora paga por procedimentos que não são necessários. Essa questão pode, inclusive, se refletir no valor pago pelo cliente do plano de saúde;
• promoção à saúde em segundo plano — com esse tipo de pagamento, que remunera por quantidade de atendimentos, há pouco estímulo à medicina preventiva e promoção da saúde, o que inclui exercícios e bons hábitos alimentares, já que essas práticas levam a uma vida mais saudável e evitam diversos problemas de saúde.

Conheça as principais alternativas ao pagamento por serviço

Diversos métodos para remuneração são utilizados em outros países e, muitas vezes, há a combinação entre eles, a depender da área de atendimento. O Reino Unido é um exemplo desse conjunto de pagamentos, onde há o seguinte planejamento:

• atenção primária — remuneração pública para clínicas, capitation e pagamento por performance;
• especialista — remuneração pública e pagamento por performance;
• atenção hospitalar — pagamento público e privado.

A seguir, conheça os conceitos de outros métodos utilizados para remuneração.

Pagamento por performance

O pagamento por performance, também chamado de P4P, é uma das formas de remuneração mais utilizadas no mundo. Esse modelo propõe uma melhoria na qualidade dos atendimentos realizados pelos centros de saúde.

Segundo esse modelo, o pagamento é realizado de acordo com os resultados avaliados, que são comparados aos indicadores traçados, por exemplo — se o indicador avaliado é o índice de diabetes na população, o débito pode ser maior se a taxa diminui, e menor se mais pessoas estão sofrendo com a doença. Cada meta recebe um peso que influenciará na quitação final.

Pagamento por orçamento global ajustado

O modelo de pagamento por orçamento global ajustado prevê que a remuneração mensal seja feita com base no histórico de recebimentos de cada centro de saúde. Sendo assim, define-se um valor global que quitará os serviços prestados, com possibilidade de ajustes de acordo com a demanda de atendimentos e procedimentos de alta complexidade.

Pagamento por bundle ou episódios

O pagamento por bundle — ou episódios — são indicados para uma linha de tratamento específica ou condições clínicas. A remuneração é ideal para casos em que existe baixa variabilidade. Nesse modelo, é fechado um pacote que incluirá todos os procedimentos necessários para que o atendimento seja realizado, incluindo materiais e honorários médicos.

São especialidades que se adaptam bem ao pagamento por bundle:

• oncologia;
• ortopedia;
• ginecologia e obstetrícia.

Pagamento por capitation

No modelo de remuneração por capitation, uma quantia é repassada ao centro de saúde, que deverá administrar com autonomia a verba para realizar os atendimentos e procedimentos necessários. É necessário que a instituição mantenha os indicadores positivos, além de assumir a responsabilidade caso a quantia paga não seja suficiente para cobrir os custos.

Para saber se a qualidade, quantidade e performance dos atendimentos estão em níveis satisfatórios, é necessário contar com tecnologia que reúna dados dos indicadores e produza relatórios que baseiam os processos decisórios. Com esse respaldo, é possível avaliar quais são os melhores modelos para aplicar em cada área da saúde no país.

Neste artigo, você conferiu os benefícios e desafios de utilizar o tradicional sistema de pagamento por serviço. Também pôde conhecer outros modelos de remuneração e quais são as indicações de implantação.

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