Você provavelmente já viu o SAMU em ação, seja nas ruas de sua cidade, seja nos telejornais. O serviço de atendimento móvel tem como objetivo socorrer as vítimas precocemente em diversas situações de urgência. Mas o que isso, afinal, tem a ver com a regulação médica?
Quando uma pessoa liga para o número 192 para solicitar uma ambulância munida de equipamentos e profissionais da área da saúde, ela é direcionada para uma central de regulação médica. As ligações são remetidas ao médico regulador, que presta orientações de socorro às vítimas e também aciona os veículos, se necessário.
A regulação médica aparece, ainda, em outros contextos e serve para realizar a triagem e o direcionamento dos pacientes. Além da regulação de urgência, que ocorre em nível estadual e municipal, existe a regulação de exames e procedimentos. Nesse caso, o médico regulador é responsável por autorizar ou não os pedidos de outros profissionais, em um contexto diferente do SAMU.
Neste artigo, você vai entender melhor sobre esse conceito, os principais desafios da área, as etapas do trabalho e como é feita a classificação de urgências.
Saiba o que é e como é feita a regulação médica
A regulação médica pode ser definida como um processo de triagem na área de saúde, o qual serve para determinar a prioridade de tratamento de pacientes e o que deve ser feito com base na gravidade do seu estado de saúde.
Isso quer dizer que regular é tratar os desiguais de forma desigual, ou seja, os recursos são direcionados para aqueles que precisam de forma mais urgente, a fim de evitar danos à saúde e desperdícios de recursos. É importante ter em mente que uma situação urgente não pode ser adiada, devendo ser resolvida rapidamente. Já uma situação de emergência é quando existe a ocorrência de perigo de vida, devendo ser solucionada de imediato.
No contexto dos serviços de urgência, como o SAMU, esse ato é essencial, já que não existem ambulâncias suficientes para atender toda a população. Em uma cidade com cerca de 270.000 habitantes, como Ipatinga-MG, há três veículos disponíveis, sendo duas unidades básicas e uma avançada. Dessa forma, o direcionamento deve ser feito de maneira criteriosa para evitar que casos graves fiquem sem atendimento.
Para tanto, as ligações feitas são repassadas ao profissional de saúde, que faz a triagem para avaliar a situação e saber como intervir. O médico regulador dá orientações e, se necessário, envia uma ambulância para o local. De acordo com a gravidade, é feito o envio de um veículo básico, com técnico de enfermagem, ou avançado, com uma equipe formada por médico, enfermeiro e técnico.
No entanto, existem outros tipos de regulação. O médico regulador realiza, ainda, consultas eletivas, de leitos, de procedimentos e testes, entre outros. Se uma pessoa procura atendimento devido a dores abdominais, por exemplo, será necessário realizar alguns exames para verificar o que está acontecendo. Se for constatada uma apendicite, é preciso que o paciente seja submetido à cirurgia.
Esse processo envolve o médico assistente, responsável pelo diagnóstico e tratamento, o qual dialoga com o médico regulador, cuja função é regular procedimentos e cirurgias. Os reguladores atuam em todas as esferas, tanto em empresas de planos de saúde como no SUS.
Conheça os principais desafios enfrentados pelo profissional nesse sentido
A regulação médica é, sem dúvida, um grande desafio para os médicos. No contexto da urgência, a triagem precisa ser realizada de forma eficaz, uma vez que casos graves devem ser atendidos com prioridade. Para tanto, o profissional precisa ter conhecimento técnico, além de raciocinar e agir com rapidez para resolver da melhor maneira as situações.
Já nos demais casos de regulação, como na aprovação de exames e cirurgias, o médico regulador avalia o motivo da solicitação e a sua pertinência. Sua função é definir se a justificativa é válida, ou seja, se o pedido será aprovado ou não, e determinar o recurso mais adequado. O trabalho deve considerar o estado de saúde do paciente e seu prognóstico.
Nesse cenário, a tecnologia é uma grande aliada, sendo a inteligência artificial (IA) um exemplo de recurso que auxilia a regulação médica. Assim, nessa situação, um robô é capaz de perceber os padrões e a similaridade entre as solicitações e respostas dos médicos. Assim, a IA consegue replicar o comportamento e agilizar os processos.
Como as regulações acontecem em sequência e, em muitos casos, é necessário manter a atenção em pacientes diferentes ao mesmo tempo, o médico regulador, no contexto das urgências, bem como o médico regulador de procedimentos e exames, deve contar também com a ajuda de uma ferramenta automatizada, suficientemente completa e ágil para a manutenção da grade em tempo real.
Entenda sobre a abordagem, a decisão e o acompanhamento de um médico regulador nas urgências
A regulação médica das urgências é dividida em três etapas. Saiba mais sobre elas a seguir!
1ª etapa
O médico recebe o chamado e, de forma clara e objetiva, apresenta-se. Sem utilizar termos técnicos, o profissional orienta o indivíduo que fez a ligação e realiza perguntas. O objetivo é definir qual é a localização do chamado, quem é o solicitante e a identificação da situação de saúde das pessoas que se envolveram na urgência, por exemplo.
2ª etapa
Consiste na regulação médica, ou seja, na caracterização do caso, o que é feito por meio de interrogatório. As perguntas devem ser objetivas e definir qual é o estado de saúde das vítimas.
3ª etapa
É composta pela decisão médica e pelo acompanhamento, ou seja, a resposta à solicitação. É importante salientar que todas as consequências diretas do parecer são de integral responsabilidade do médico regulador.
Dessa forma, o profissional deve avaliar a necessidade de intervenção, decidindo sobre o recurso disponível mais adequado para o caso. É preciso levar em consideração a gravidade de saúde, os recursos e meios disponíveis, a relação custo-benefício e o tempo e a distância, por exemplo.
Saiba mais sobre a classificação das urgências
Com o objetivo de facilitar a definição de prioridades entre os diferentes casos de urgência, foi criada uma classificação em quatro níveis. São elas:
- nível ou código 1: emergência ou urgência de prioridade absoluta, ou seja, situações em que há risco imediato de vida ou perda de função grave;
- nível ou código 2: urgência de prioridade moderada, o que compreende os casos em que há necessidade de atendimento médico, não necessariamente de imediato, mas dentro de poucas horas;
- nível ou código 3: urgência de baixa prioridade, em que há necessidade de uma avaliação médica, mas que pode aguardar várias horas;
- nível ou código 4: urgência de prioridade mínima, em que o médico regulador procede com orientações e recomenda outros serviços.
Agora, sim, você sabe o que é regulação médica das urgências e a sua importância para a saúde das pessoas. Por fim, lembre-se de que o órgão no qual atua deve estar sempre atento para as necessidades dos pacientes no que diz respeito a esse tipo de triagem, entendendo as suas especificidades, para atendê-los de forma adequada e eficiente.
E então, a instituição que você dirige realiza triagens desse tipo? Como você avalia os resultados do trabalho? Fique à vontade para comentar sobre suas experiências no espaço abaixo!