O superdiagnóstico é um problema recorrente e maléfico tanto para o sistema público de saúde como para o privado. Especialmente porque a premissa da medicina é cuidar do paciente de maneira humanizada, sem que haja riscos ou conflitos de interesse.
O superdiagnóstico representa o oposto disso. Causa desconforto, diminui a produtividade, aumenta os custos e o risco ao paciente. Por isso, é um tema que merece atenção. Continue a leitura e confira nossa visão e sugestões sobre o tema.
O que é superdiagnóstico?
Superdiagnóstico é uma valorização exagerada dos exames complementares, que geram custos e, em alguns casos, riscos desnecessários aos pacientes. A evolução tecnológica na medicina tem sido significativa e proporcionado novos meios para auxiliar nos diagnósticos, porém é apenas o estudo da técnica.
Sendo assim, a tecnologia pode confirmar o diagnóstico e ajudar a dimensionar a prescrição do médico, mas não o substituir. O mais avançado dos exames é tão incapaz de fazê-lo quanto um bisturi, pois ambos são apenas ferramentas. Elas permitem ao profissional a execução de um procedimento técnico e apenas isso.
A humanização na saúde começa com a consciência de que lidamos com pessoas, o que exige a manutenção de uma visão humana. Ou seja, embora o superdiagnóstico implique em aumento de custos, o que merece a devida importância, ele não tem seus efeitos negativos limitados a isso. A seguir, reflitamos um pouco mais sobre eles.
Qual o impacto do superdiagnóstico nas operadoras?
Afeta o sistema de saúde
Esse é um tipo de ação que corrompe o sistema de saúde. Pode parecer um termo duro, mas não temos outro para definir essa prática. Afinal, com o superdiagnóstico o sistema é desviado de sua função principal, favorecendo outros objetivos, como:
- ganhos indevidos;
- facilidades desnecessárias;
- diminuição de produtividade.
Quanto mais testes, mais custos, despesas e valores são agregados à conta do paciente. Além disso, o prazo de retorno à consulta com o médico aumenta e, como resultado, a produtividade diminui.
Aumenta os ricos
Além de ocupar o tempo dos pacientes com filas de espera e a realização de exames, o superdiagnóstico aumenta os riscos envolvidos, como uma complicação durante um exame de imagem ou o desenvolvimento de algum processo alérgico, por exemplo.
O principal foco é evitar que o paciente se exponha a situações de risco desnecessárias. A título de exemplo, para cada 625 tomografias abdominais realizadas em um recém-nascido, uma criança morre em decorrência do procedimento.
Por isso, se há a necessidade real da solicitação é obrigação do médico pedir o exame. No entanto, também é responsabilidade não solicitar procedimentos que envolvam riscos e custos desnecessários ou que sejam apenas para descobrir alguma coisa que não interfira na evolução do quadro. No final, tudo isso acaba recaindo sobre o paciente ou compromete a qualidade do serviço.
Prejudica o relacionamento com o paciente
Os superdiagnósticos também impactam no relacionamento entre operadoras, médicos e pacientes. Isso acontece porque um diagnóstico desnecessário acarreta em problemas que prejudicam essa relação.
Também existem situações de conflito de interesses. Por exemplo: o médico é o dono de um equipamento de ressonância ou tem uma clínica com um aparelho de tomografia. Ele acaba estimulando a realização desses exames com o objetivo de aumentar os ganhos e o volume de procedimentos.
Outra situação é quando o médico é dono de um laboratório ou tem algum acordo com uma clínica que lhe oferece uma porcentagem sobre os exames que ele encaminha para lá. Não temos dados concretos sobre esses casos, mas ainda temos muitos médicos competentes e éticos. Por isso, acreditamos que sejam minoria, mas infelizmente acontecem.
O fato é que o paciente deve ser o foco principal do médico. Antes de tudo, ele precisa confiar no profissional de saúde, que deve orientá-lo de forma clara. Nem sempre isso é fácil, mas com a segurança e a clareza das informações é possível melhorar o relacionamento.
Como diminuir o superdiagnóstico?
Investir na formação dos médicos
Para começar, é preciso investir na qualificação dos médicos. Quanto mais preparados, experientes e atentos eles forem, menor será a necessidade de exames, pois a insegurança e a imperícia são estímulos para o superdiagnóstico.
Os médicos devem conhecer a evolução natural das doenças. Na maioria das situações, uma anamnese bem feita e um exame físico detalhado são suficientes para diagnóstico dos pacientes.
Intensificar a fiscalização
O segundo ponto é um serviço de regulação eficiente que barre esse tipo de situação ainda na origem. Nesse aspecto, deve existir uma relação entre os recursos humanos, físicos e tecnológicos para maior eficiência ao processo de regulação.
Sob os mesmos efeitos de eventuais falhas de processo, outra medida para reduzir os superdiagnósticos é a realização de uma análise eficaz dos prontuários a fim de identificar os casos em que existem conflitos de interesse. Esse procedimento precisa ser realizado conjuntamente e pode ser reforçado por ações de compliance.
Melhorar o controle de gestão
Além disso, temos o importante aspecto do relacionamento médico e operadora. Uma vez que o profissional percebe que faz parte da “engrenagem paciente-prestador-operador”, ele entende que gastos desnecessários serão prejudiciais para ele, pois a qualidade da gestão e a capacidade de pagamento da operadora ficam comprometidas.
Muitas vezes, o médico reclama de sua remuneração, mas não percebe que atitudes como a contribuição para os superdiagnósticos dificultam aumentos reais de remuneração e reajustes de compensação.
Uma vez que ele entende a sua função, o médico não vai incluir valores desnecessários na consulta. Fazendo analogia com um triângulo, o paciente paga a seguradora, que paga o prestador, que atende o paciente. Se uma das pontas ficar solta, o relacionamento entre elas não estará ajustado.
Como conclusão, podemos deduzir que o superdiagnóstico é, ao menos em parte, influenciado por problemas de controle e gestão, especialmente no que se refere à regulação, ao monitoramento de prontuários e a gestão do relacionamento. É justamente nesses pontos que a operadora deve atuar para resolver esse problema.
Você pode contar com nossa ajuda para alcançar esse objetivo. Entre em contato com nossa equipe e conte com a abordagem consultiva dela.