A pandemia está provocando mudanças significativas na área da saúde. Afinal, enquanto vacinas ou melhores tratamentos não são desenvolvidos, a saída é buscar soluções inteligentes para se adaptar ao novo normal.
Sem dúvida, os próximos meses serão difíceis. Em algumas regiões, o distanciamento social terá que continuar por algum tempo. Vamos superar o problema ou teremos que continuar convivendo com o vírus para sempre?
Para esclarecer suas dúvidas, nós conversamos com o diretorde Inovação & Transformação Digital do Sistema Hapvida, Evandro Temperini. Continue a leitura para saber quais os impactos da Covid-19, as principais mudanças, como será depois da pandemia, o papel do profissional de saúde, entre outros temas.
Os impactos da pandemia da Covid-19
Por que não podemos ter certeza de que tudo vai voltar a ser como era antes? Segundo Evandro, existe uma teoria de Joseph Schumpeter chamada destruição criativa, a qual defende que o ciclo econômico sofre disrupção por meio de ondas de inovação cujos fatores principais são: necessidade, restrição de acesso à demanda e equilíbrio econômico para a oferta.
“De fato, o progresso econômico é impulsionado por essas ondas constantes e cada vez mais curtas que ocorrem normalmente em períodos de guerra, comparáveis ao momento que vivemos hoje. Isso faz com que mudemos nossa rotina bruscamente e, consequentemente, nossos hábitos”, afirma.
Ele conta que a transformação gera outras necessidades, e os meios de distribuição de produtos e serviços básicos são os primeiros impactados, como: saúde, higiene, alimentação, mobilidade e finanças.
“Essas áreas são estimuladas a se reinventar, acelerar a digitalização para possibilitar a continuidade da entrega de um valor, aumentar a exposição e o acesso a tecnologias e outras soluções que não eram habituais a muitas pessoas”, completa Temperini.
Mudanças necessárias durante a pandemia
Agora, como milhões de pessoas em todo o País estão isoladas em casa, preocupadas com a exposição ao vírus, muitas estão recorrendo aos serviços de consultoria virtual das empresas de telemedicina.
“Sem dúvida, a mudança mais impactante na saúde é a regulamentação da telemedicina, que inclui as teleconsultas médica e outros modelos de atendimento médico a distância. Isso está trazendo benefícios extraordinários, inclusive a acessibilidade a um atendimento de qualidade, principalmente pela possibilidade de entrega de um atendimento assistencial seguro e livre de barreiras geográficas”, revela o diretor.
Outro grande avanço foi o uso de Inteligência Artificial (IA) como auxílio na identificação de casos suspeitos pelos exames de imagem. De acordo com Temperini, a Maida.health, em parceria com o Ministério da Saúde, disponibilizou gratuitamente um banco de exames de imagens de Raios X e tomografias computadorizadas de tórax para auxiliar os profissionais de saúde na identificação dos casos da doença.
“Gosto muito de uma frase de Philip Dick: O futuro muda porque você olhou para ele, e isso muda todo o resto”, frisa.
As mudanças que persistirão em um contexto pós-pandemia
Na opinião de Evandro Temperini, é provável que os efeitos gerados pela pandemia durem meses ou até anos, “uma vez que sabemos pouco sobre o vírus, não temos vacinas e será necessário buscar o equilíbrio econômico”.
Nesse sentido, as experiências e mudanças que apresentarem benefícios comprovados tenderão a se tornar sólidas e replicadas exponencialmente, até que se tornarão comuns, fazendo parte da rotina naturalmente.
“As relações de trabalho e de consumo já estavam mudando, mas de forma lenta e gradual. Esse momento exigiu que movimentos que pareciam distantes ou até impossíveis para empresas e pessoas fossem experimentados. Décadas estão sendo aceleradas, e quem era resistente às mudanças agora sente o impacto diretamente na pele, ou, mais especificamente, no bolso”, diz.
A tendência é a aceleração da automação transformar todo o cenário econômico, não apenas gerando novas oportunidades, mas reduzindo drasticamente as já existentes no modelo que conhecemos. Evandro complementa: “Acredito que esta nova fase trará mudanças importantes e definitivas no ecossistema de empreendedorismo”.
“Do ponto de vista social, reforçaremos boas práticas sanitárias e etiquetas respiratórias. Conseguiremos comprovar que podemos ser mais solidários, unindo forças para um bem comum. Não lembro ter visto uma mobilização global desta proporção”, conta o diretor para Inovação & Transformação Digital.
O trabalho dos profissionais de saúde nesse sentido
Dois cenários possíveis se apresentam: um no qual a pandemia é encerrada e outro em que será necessário conviver com o problema. Evandro acredita que a superação virá justamente da nossa capacidade de adaptação para convivermos com o vírus: a coexistência.
“Historicamente já fizemos isso com menos conhecimento, menos tecnologia e menos condições sanitárias. Por outro lado, a pandemia nos alerta para novos desafios gerados por um mundo cada vez mais conectado, exposto a doenças contagiosas potencialmente agressivas”, diz.
Entretanto, ele acha necessário aproveitar a oportunidade para o aprendizado e adequar os protocolos no intuito de evitar outros surtos globais como esse, reduzindo os impactos econômicos e salvando mais vidas.
“É importante rever protocolos em todos os níveis de atenção à saúde, além da expansão dos serviços relacionados à telemedicina, a fim de reduzirmos a exposição de pacientes e profissionais de saúde, passando também a minimizar os custos operacionais”, informa.
Temperini conta que essas ações, aliadas à capacitação dos profissionais de saúde, à redução no tempo de resposta para os diagnósticos e à descoberta de novas vacinas, também serão importante para diminuir as chances de novos ciclos.
É importante se preparar para o futuro
Na saúde, a infinidade de dados e a compreensão do comportamento do paciente permitem um relacionamento cada vez mais personalizado e eficiente. Nesse contexto, Evandro revela que a utilização de Inteligência Artificial de forma estruturada auxilia na predição de diversas condições, apoiando ativa e diretamente a prevenção da saúde.
Dessa maneira, o uso de chatbots integrados com assistentes de voz e aplicativos de mensagens (como o WhatsApp) crescerá, utilizando algoritmos de IA com reconhecimento de fala e processamento de linguagem natural do jeito mais humanizado e fluído possível, substituindo aos poucos o modelo tradicional das URAs telefônicas.
A soma de tecnologias de biometria facial, reconhecimento de imagens e Internet das Coisas (IoT) com ajuda de sensores amplia ainda mais as possibilidades. Com a tendência de crescimento no modo remoto e acompanhamento contínuo do paciente, aliado ao volume de dados gerados, os atendimentos serão cada vez mais individualizados e precisos.
“Os laudos de exames receberão apoio dos robôs, as estruturas físicas serão reduzidas, os protocolos de atendimento atualizados constantemente e os processos administrativos digitalizados e automatizados. O profissional de saúde precisará se manter aberto e cada vez mais íntimo da tecnologia, a fim de acompanhar a evolução constante no setor e aproveitar seus benefícios”, diz Temperini.
Na opinião dele, a melhor prática continua sendo a prevenção: “compreender o paciente e se antecipar aos problemas fará toda a diferença na promoção genuína da saúde física e mental. Confio no desenvolvimento de processos eficazes, que unam o potencial humano ao da tecnologia para que seja possível oferecer um atendimento cada vez mais focado na qualidade de vida das pessoas”, conclui.
Como você viu, momentos de dificuldade como a crise causada pela pandemia da Covid-19 trazem grandes desafios, mas, ao mesmo tempo, abrem espaço para novas oportunidades. Para lidar com o novo normal, é importante se manter atualizado e adotar tecnologias capazes de otimizar o atendimento para minimizar os impactos na área da saúde, entre outras práticas.
O que você pretende fazer para que seu negócio continue prosperando mesmo no período de crise? Deixe um comentário.